O Intercom Norte 2015, realizado em maio passado, teve a participação de dois professores do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Comunicação (PPGCCOM/UFAM), Dr. Wilson Nogueira e Dr. Walmir Albuquerque, na mesa-redonda realizada na tarde de quinta-feira, 28 de maio. A mesa teve como tema: “Comunicação, cultura e espetáculo na Amazônia”, e foi composta também pelos professores, Dr. Allan Rodrigues (Ufam/PPGSCA), Dr. Sérgio Ivan Gil (Ufam/ PPGSCA).
O professor Dr. Allan Rodrigues fez a abertura e explicou que a importância da mesa-redonda se deu pelo fato de este ano a Folkcomunicação está completando 50 anos no Brasil e também ressaltou o fortalecimento dos trabalhos e avanços de professores e alunos na participação no Intercom. Além disso, enfatizou o fato do professor Dr. Walmir Albuquerque ser o pioneiro nos estudos sobre Folkcomunicação no Brasil.
O professor Dr. Walmir Albuquerque deu início ao debate falando sobre sua dissertação, na qual trabalhou sobre o regatão, pesquisa que envolveu a comunicação popular. Sobre esses estudos, o pesquisador considerou que Luiz Beltrão tem larga contribuição para a formação do conceito da folkcomunicação, onde mostra o papel de transformação e mediação por meio das camadas menores, ou classes ditas populares. Além disso, explicou que essa folkmunicação se auto transformou (autopoiesis) e atingiu as novas tecnologias, atualmente está na internet, onde cria uma rede de interações entre essas classes.
O segundo palestrante foi o professor Dr. Sergio Ivan Gil Braga. Ele falou sobre Folkcomunicação pela perspectiva das festas populares, especificamente sobre as festas religiosas, as quais ele considera ter participação significativa na formação da Amazônia. Exemplifica utilizando as festas do Sairé, Batuque de negros, Boi-bumbá, Marabaixo, Ciranda. Além disso, ressaltou que é preciso perceber o elemento religioso enquanto simbólicos e não pode perder de vista uma luta pela busca desse resgate da participação e reconhecimento do popular.
O terceiro palestrante foi o professor Dr. Wilson Nogueira, que explanou sobre sua tese de doutorado, recriação do imaginário amazônico no festival de Parintins. Ele percebe o festival a partir de uma relação complexa, relação contextualizada e aberta. Com isso, define o conceito do imaginário amazônico, enquanto repertório amazônico, ou seja, é o compartilhamento dos valores, costumes, hábitos, chamados de cultura amazônica. Os bois acabam trabalhando o compartilhamento de culturas, além de apresentar a diversidade cultural como o sairé e a ciranda. Também conclui que o boi é um espetáculo, mas está para além, como os versos e toadas, que vão além daquele momento e podem ser eternizados.
Dr. Allan Rodrigues também expôs sobre sua pesquisa, no qual desenvolveu uma grande reportagem sobre o Festival de Parintins. Na perspectiva folkcomunicacional avaliou como essa festa deixa de ser o boi de rua e passa para um espetáculo; que a festa deixa os limites da ilha e contagia as demais localidades; que a toada auxilia e impulsiona esse e outros movimentos, como a economia, a dinâmica da cidade, dentre outros aspectos sociais. Assim como Wilson Nogueira, Allan também considera que o Boi vai além do espetáculo realizado na arena.
Ao final, foi aberta a possibilidade de diálogo com a plateia, a qual teve expressiva participação dos alunos e professores.